Um dos seis vitrais da catedral representa São Mesrob. Nasceu na aldeia de Hatsekáts, na Armênia ocidental, cerca do ano 361. Foi soldado e secretário do rei antes de se tornar monge. Mesrob deixou sua vida na corte para servir a Deus, e se retirou para um mosteiro com alguns companheiros. Lá ele passou por grandes austeridades, sofrendo fome e sede, frio e pobreza.
A Armênia há muito tempo contava com poetas e sábios, mas não dispunha de um alfabeto próprio, por isso se escrevia nas línguas grega e siríaca. Nas igrejas liam-se os livros sagrados em língua estrangeira e, em seguida, se explicava em armênio.
Na época de Mesrob, a Armênia estava dividida entre as duas grandes potências: os impérios persa e romano. Esta divisão foi estabelecida em um tratado assinado em 387. Os dois povos desenvolviam uma política de domínio e de assimilação; os romanos através da cultura e os persas através da conversão à sua religião nacional: o mazdeísmo.
Conhecedor de muitas línguas, foi o criador do alfabeto armênio. Sua finalidade primordial foi a preparação dos livros litúrgicos e sagrados, começando pela Sagrada Escritura. A tradução armênia da Bíblia realizada então, é considerada a rainha das traduções.
Ao ter perdido sua independência política, a identidade Armênia corria o perigo de perder sua fisionomia cultural própria. Por isso o ter um alfabeto armênio não era somente uma necessidade religiosa, mas também política; este contribuiria para fortalecer o cristianismo, unir internamente os armênios e levantar uma muralha contra a assimilação.
Machdots se entregou com afinco à tal missão. Viajou para Edessa, Aimid e Samóssata, estudou numerosos alfabetos, entrevistou-se com sábios siríacos e gregos. Finalmente, no ano 405, inventou os caracteres armênios, regressando depois à Armênia onde foi recebido com grande entusiasmo pelo rei, pelo clero e pelo povo. Várias obras estrangeiras foram salvas graças à tradução feita para a língua armênia.
Colaboraram com São Mesrob nesse trabalho o rei Veramchapuh e o Catolicós Patriarca São Sahag (Isaac), tal colaboração significa que ter um alfabeto próprio era uma preocupação tanto para a Igreja como para o Estado.
São Mesrob Machdots inventou os caracteres armênios com tanta perfeição e precisão que satisfez até hoje as exigências do sistema fonético do idioma armênio. Posteriormente foram somente acrescentadas duas letras.